Vítimas da erupção vulcânica pedem novo povoado perto de Chã das Caldeiras

Domingo, 04 Janeiro 2015
O vulcão deu às famílias de Chã das Caldeiras solos férteis que fazem da região um dos maiores celeiros de Cabo Verde. É também o mais consistente filão turístico do país, dando forma ao turismo ecológico, integrador e de natureza que estas ilhas tanto procuram. Mas o "Homi Grandi", furioso por estes dias, embora mais calmo que nas semanas anteriores, também tirou-lhes tudo, consumindo lentamente infraestruturas, casas, campos de cultivo. Ainda assim, consideram-no “um amigo”. Por isso, querem continuar por perto. E de preferência na área que fica entre a Achada Furna e Cabeça Fundão. José António Fernandes, natural de Portela, viu a sua casa ser engolida pelas lavas. Apesar de triste, não quer ficar longe de Chã das Caldeiras. "Gostaria de ver edificado o novo povoado o mais próximo possível da Chã", afirma. Danilo Montrond é mais específico: "O melhor lugar é entre Achada Furna e Cabeça Fundão". Muitos outros ex-moradores de Portela e Bangaeira concordam. Afirmam que “a vida não pára aqui. Agora é hora de levantar a cabeça e seguir em frente, procurar soluções”. O local a que se referem é também uma das zonas que o Instituto Nacional de Gestão do Território (INGT) considera apta para acolher o novo povoado. Mas há um problema: a área agrícola e de pastagem pertence a privados. Entretanto o Governo prometeu anunciar nos próximos dias o local onde vão morar os cerca de 1200 deslocados da erupção vulcânica. Para edificar o novo povoado, o executivo conta com o importante apoio da comunidade internacional. União Europeia, CEDEAO, Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Portugal e o Sistema das Nações Unidas já manifestaram disponibilidade para ajudar, assim como Angola, que já fez chegar ao Fogo a primeira remessa de ajuda humanitária. São mais de 90 toneladas de bens, entre kits de primeiros-socorros, televisores, geradores, géneros alimentícios, materiais de construção civil e reservatórios de água. Outra embarcação já está a caminho do nosso país, também carregada de donativos. Ao todo são 120 toneladas de bens, tudo orçado em cerca de sete milhões de dólares. Nicolau Centeio