Erupção Vulcânica: Famílias cujas casas não foram abaladas recolocam portas e janelas para ocupação temporária

Terça, 17 Fevereiro 2015
Actualizado a 17/02/2015, 12:53 ***Jaime Rodrigues, Inforpress*** São Filipe, 17 Fev (Inforpress) – Antes do observatório vulcanológico ter declarado o fim da erupção vulcânica, as famílias cujas casas não foram totalmente destruídas pelas lavas começaram a recolocar as portas e janelas e algumas estão a residir, ainda que de forma transitória, na caldeira. Na portela,  as cerca de dez casas que foram poupadas pelas lavas da última erupção, que flagelou Chã das Caldeiras de 23 de Novembro a 08 de Fevereiro, estão com portas e janelas recolocadas e as pessoas estão a limpar e arranjar partes danificadas para criar condições de habitabilidade, o mesmo acontecendo com as poucas casas que sobraram na Bangaeira. No povoado de Ilhéu de Losna, Tuca de Saty está a residir sazonalmente na sua casa, uma das poucas que não foram destruídas pelas lavas, mas afirmou à Inforpress que está a ocupa-la de forma provisória e durante os trabalhos de poda das videiras e de outras fruteiras, e não para residência definitiva. David Montrond, técnico na área de produção de vinho da adega/cooperativa Chã, disse que está, desde início da erupção, na Caldeira por razão de trabalho e que, pontualmente, se deslocava aos centros para ver os familiares e regressar a Chã das Caldeiras. Este, possuidor de uma casa em fase de acabamento para fins turísticos, disse que “as portas e janelas foram retiradas por questão de segurança, mas que como a casa não foi totalmente destruída pelas lavas já recolocou as portas e janelas no respectivo lugar, para proteger espaço e não deixa-lo abandonado. Para David Montrond, nascido e criado em Chã das Caldeiras, lá se sente melhor do que nos centros de acolhimento, afirmando que “ali está a trabalhar e não fica sem fazer nada”, situação que, segundo o mesmo, acaba por causar um mal-estar na população de Chã das Caldeiras, habituada a trabalhar no seu dia-a-dia. Sobre a possibilidade de poder um dia receber turistas na sua residência, David Montrond foi muito cauteloso, notando que isso vai depender das decisões, uma vez que a sua casa “está tranquila”. Explicou que apenas um pequeno espaço foi “invadido” pelas lavas, mas que decidiu deixá-lo assim está” porque, conforme disse, “o arquitecto fez uma parte e a natureza completou com a outra parte”. Muitas pessoas já recolocaram portas e janelas nas suas casas, para permanência na caldeira durante o período de trabalho no campo. À Inforpress muitos moradores afirmam que se houver condições para ficar, a população vai ficando em Chã das Caldeiras, porque é lá que retiram os recursos para a sobrevivência. Apesar deste regresso, ainda tímido, a população está dividida sobre o futuro de Chã das Caldeiras, com alguns a manifestar o desejo de um regresso definitivo e outros apontam apenas para um regresso sazonal, nas épocas de limpeza, poda e na de desfruto dos campos. No dizer de Tuca de Saty o trabalho iniciado agora em Janeiro/Fevereiro poderá prolongar-se durante seis meses, o que pelas contas daria com o período de vindimas, o que pressupõe que a residência na Caldeira seria quase durante o ano inteiro. Para as pessoas que já recolocaram as portas e janelas e já levaram algumas pertenças, o grande problema continua a ser a estrada para facilitar o transporte de alguma coisa para uso familiar. No dizer de David Montrond, as casas que não foram abaladas podem ser utilizadas e muitas estão em condições, notando que, como ainda não há uma decisão definitiva,  as pessoas não sabem o que fazer, apesar de ainda existir algumas famílias instaladas em tendas no centro de acolhimento de Achada Furna e que querem regressar para Chã das Caldeiras para trabalhar. Segundo o mesmo, os turistas estão a chegar e a visitar a Caldeira, sublinhando que, para “desenvolver o turismo, é necessário criar as condições e que isso implicava também a presença de pessoas na Caldeira, assim como algumas infra-estruturas como estrada, energia, água”. David Montrond defende que é necessário criar condições, mesmo para as pessoas que vão trabalhar e regressar, notando que a recuperação das casas pode constituir um sinal do regresso definitivo da população à Caldeira, para residir e trabalhar, o que não aconteceu ainda de forma clara porque ainda não existe uma decisão clara sobre a situação. JR Inforpress/Fim